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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

BE-24: o jornalismo do entretenimento

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BE-24: o jornalismo do entretenimento

Segundo Thaís de Mendonça Jorge: “a mcdonaldização é um fenômeno que incide sobre o jornalismo e afeta as notícias”

por BRUNO CAVALHO

O programa E-24 representa a Mcdonaldização do jornalismo na TV brasileira, há versões na Itália, Espanha, Chile e na Argentina e chega ao Brasil em parceria da Band com a Cuatro Cabezas, mesma produtora do CQC.

As matérias têm títulos genéricos como: acidente de trânsito, acidente de trabalho, acidente de moto, fratura de fêmur, são alguns exemplos. Nos quatro programas que foram feitas as observações, notamos que os títulos são padronizados e não seguem os padrões tradicionais do jornalismo, pois, falta o verbo de ação.

Dentro do conceito de infotenimento, o E-24 mistura características do seriado americano ER (conhecido no Brasil como Plantão Médico), mas com histórias reais. Isso é comprovado na escala das matérias, que abre o programa. Os casos são anunciados, por exemplo, Acidente de Trânsito – mostra as imagens da matéria, nisso eles destacam em congelamento da tela o rosto de um médico, com descrição do número do CRM (Conselho Regional de Medicina) e outros dados do profissional. Podemos fazer um paralelo entre a associação do Palhaço Ronald do Mcdonald’s, que representa a rede de fast-food e, os profissionais que representam o atendimento médico, que o programa destaca.

No jornalismo McWorld há grande espetacularização da notícia, o que foi observado durante nossa pesquisa. O programa usa de imagens que chocam o público, imagens com closes de cortes para cirurgias, fraturas expostas, sutura de cortes, perfurações por armas de fogo, sangue jorrando do corpo. Esse tipo de jornalismo de sensações faz parte da atração, que ainda utiliza trilhas sonoras de mistério ou agitação. Quando não é uma música, sobe o som de furadeiras, enquanto, imagens de ossos perfurados são demonstradas para o público.

O atendimento feito pelo regaste e pelos hospitais foram sempre positivos, dentre vários casos que pessoas corriam risco de morte, apenas dois óbitos foram constatados, porém, quando o resgate dos bombeiros chegou ao local, as vítimas já estavam mortas. Nesses dois casos, os paramédicos ficaram frustrados, pois, não conseguiram chegar a tempo de salvar as vítimas. Há grande humanização dos profissionais durante as matérias.

O destaque das matérias não eram os acidentes e nem os socorridos, como geralmente é feito no jornalismo. Só o primeiro nome das vítimas aparece no G.C., enquanto, os profissionais de atendimento médico tinham o sobrenome e os cargos destacados.

O programa é divido em três blocos, no terceiro inicia-se com uma vinheta com dicas de prevenção para Gripe A. A prestação de serviços também é feita com conselhos dos médicos, que fazem recomendações para combater o alcoolismo, os acidentes de trânsitos e de trabalho.

O efeito da Macdonaldização é constatado no E-24, por ser um programa que tem versões em outros países, por seguir a padronização nos títulos das matérias e também por simbolizar o bom atendimento dos profissionais da saúde pública. O pense globalmente está no formato que já vem de programas como o “Emergência 911”, de documentários como o “Faces da Morte”, de seriados como o “ER”; o agir localmente está inserido através do destaque do atendimento do “Grau Resgate” e SAMU; na prestação de serviços de hospitais como o do Mandaqui, da Pedreira e Vila Maria. O jornalismo McWorld traz a mistura entre o jornalismo e o entretenimento que é a característica do programa.

Bibliografias consultadas

A MTV no Brasil – a padronização da cultura na mídia eletrônica mundial – Luiza Lusvarghi

Mcdonaldização no jornalismo, espetacularização da notícia – Thaís de Mendonça Jorge


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